Advogado e piloto Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, morreu na tarde de sábado (6), em Lençóis Paulista. Em 2021, ele atuou como representante jurídico da família de Geraldo Martins de Medeiros Júnior, piloto da aeronave que caiu com a cantora sertaneja.


Sérgio Roberto Alonso morreu após queda de planador; ele atuou como representante jurídico do piloto da aeronave que vitimou Marília Mendonça — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil de Lençóis Paulista (SP) abriu inquérito para investigar as causas do acidente de um planador que caiu em uma área rural entre Lençóis Paulista e Areiópolis (SP), no sábado (6).

O piloto Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, teve morte confirmada no local. Além de piloto, ele era advogado e atuou no caso da morte da cantora Marília Mendonça.

Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também estiveram no local do acidente analisando os destroços da aeronave.

De acordo com o delegado Renzo Santi Barbin, responsável pelo caso, o inquérito foi tipificado como morte suspeita e o prazo para conclusão é de 30 dias, porém, pode ser prorrogado conforme o avanço das investigações.

“Os prazos são sucessivamente prorrogáveis até a conclusão das investigações. Tem que aguardar chegada de laudos, cumprimento de cartas predatórias, localização de testemunhas”, pontua.

“Serão ouvidas testemunhas que possam contribuir na apuração, bem como estamos no aguardo das remessas dos laudos necroscópico da vítima, bem como dos exames periciais realizados no local dos fatos. Funcionários do aeroclube de Bauru também serão inquiridos”, complementa o delegado.

Queda do planador
A polícia e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) investigam a causa da queda do planador em uma área rural, às margens da rodovia Marechal Rondon (SP-300).

A principal suspeita é de que o planador tenha perdido uma das asas durante voo, o que teria provocado a queda. A aeronave foi encontrada com o cockpit, local onde fica o piloto, em direção ao solo. Até a última atualização desta reportagem, a asa ainda não havia sido encontrada.

Sérgio Alonso pilotava a aeronave e morreu no local. Segundo a equipe do Aeroclube de Bauru, ele era experiente e possuía mais de 1.000 horas de voo no modelo.

A aeronave, prefixo PT-PJD, do tipo planador – que não tem motor -, é um modelo ASW20. Foi fabricada pela empresa Alexander Schleicher, em 1982, com capacidade para uma pessoa.

Segundo o registro na Anac, a aeronave tem uso permitido para voos privados de instrução e tinha identificação como proprietário o Aeroclube de Bauru, que confirmou que o piloto decolou da pista do local.

Ainda segundo o Aeroclube, equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também foram acionadas para a apurar as causas da queda.

Profissional experiente
Nascido em Santos, no litoral de SP, Sérgio Roberto Alonso era morador de Botucatu, no interior de SP.

Segundo o escritório Riedel de Figueiredo e Advogados Associados, do qual fazia parte, ele era especialista em direito aeronáutico e em direito internacional, além de ser membro da Sociedade Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial.

Em 2021, Sérgio atuou como representante jurídico da família de Geraldo Martins de Medeiros Júnior, que conduzia a aeronave que caiu e vitimou Marília Mendonça. Na ocasião, a cantora sertaneja, o piloto e outras três pessoas morreram no acidente aéreo registrado nas proximidades de Piedade de Caratinga (MG).

Em comunicado, o escritório publicou uma nota de pesar, onde classificou Sérgio como “profissional extremamente atuante, astuto e criativo” e que “deixará saudades e muitos ensinamentos pessoais e profissionais”.

“Foi um profissional extremamente atuante, astuto e criativo, que muito contribuiu para nosso escritório ao longo de mais de 50 anos. Aventureiro nas horas vagas, seja voando em seu planador ou anos atrás quando praticava hipismo, ele deixará saudades e muitos ensinamentos pessoais e profissionais aos que tiveram a honra de conhecê-lo”, diz parte da nota.

“Profissional de notável saber jurídico, Sergio Roberto Alonso costumava brincar ao se definir como um “agitador, desde a época da escola”. Isso porque nunca deixou de defender suas opiniões e, no meio jurídico, teses inovadoras, resultando em jurisprudências para a aviação”, complementa o comunicado.

Em outubro de 2023, a Polícia Civil atribuiu aos pilotos a responsabilidade do acidente aéreo que vitimou a cantora Marília Mendonça. Como os responsabilizados não sobreviveram, o caso foi arquivado. Porém, para Alonso, a conclusão da polícia “não tem base nas provas técnicas”.

“O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, ausência de carta de aproximação visual e também por essa rede estar implantada na altitude do tráfico padrão, de 1 mil pés”, afirmou Alonso na época.
Sérgio Alonso foi velado, neste domingo (7), no Memorial de Botucatu e, na sequência, cremado em uma cerimônia realizada somente com familiares e amigos. Ele deixou esposa e dois filhos.

Por g1 Bauru e Marília